Estagiários, integridade e totalidade
No final de agosto, no prazo de vinte e quatro horas um do outro, eu estive presente a dois eventos muito especiais com nossos estagiários de verão.
O primeiro foi uma apresentação à noite pelo nosso pessoal e estagiários de ciências sobre os resultados do seu trabalho durante o verão. Nós ouvimos sobre projetos de restauração, níveis de oxigênio dissolvido na água do rio Little Campbell, e o que tudo isso significa para a vida aquática na bacia hidrográfica. Aprendemos sobre o acompanhamento das populações do sapo-ocidental-norte-americano Anaxyrus boreas e da andorinha-das-chaminés Hirundo rustica, as quais são ambas espécies ameaçadas aqui. E ainda ouvimos sobre censos de botânica na fazenda Cedar Haven, perto de Hamilton, e no centro interpretativo de Pembina Valley em Manitoba.
O segundo evento ocorreu no dia seguinte, quando o pessoal e voluntários locais se reuniram para abençoar e ouvir nossos estagiários de verão que partiam. Esses momentos de fim de semestre com estagiários são sempre especiais. Os estagiários muitas vezes fazem apenas referências passageiras ao seu recém-adquirido conhecimento científico ou prático e em seguida enfocam o que aprenderam sobre si mesmos, sobre relacionamentos e a vida.
Este Agosto não foi diferente. Para ser sincero, os comentários deles enriqueceram todo o meu verão:
«Eu viajei MUITO nos últimos 10–15 anos, mas nunca me senti tão bem-vindo como aqui.»
«Vendo como esta comunidade funciona me ajudou a perceber que eu realmente não preciso ser tudo. Uma comunidade realmente funciona bem quando as pessoas simplesmente trabalham nas áreas nas quais são mais dotadas.»
«Estar aqui me ajudou a gostar mais de mim mesmo.»
Estou compartilhando com você estes dois acontecimentos – uma apresentação de ciência e uma oportunidade de partilhar minha transformação pessoal – porque estou convencido que eles estão relacionados.
Como seres humanos devemos estar fundamentados – estar enraizados – em nosso ambiente físico. Devemos estar atentos à criação ao nosso redor, conhecê-la e cuidar dela – esta atenção nos causa espanto e revela o valor da obra da criação. E uma vez que reconhecemos a beleza e o valor daquela andorinha-das-chaminés e daquele sapo ocidental, também nos tornamos mais atentos e cuidadosos para com as pessoas ao nosso redor. E com nós mesmos.
Como um estagiário colocou: «nunca vivi em lugar algum com pessoas de tal integridade, que demonstram uma profunda coerência entre o que pregam e o que praticam.»
Acho que essa integridade é fundamental àquilo que esses estagiários experimentaram em relação a sentirem-se bem-vindos, a sentirem-se livres para ser eles mesmos e começar a amar-se mais. Não digo integridade em algum tipo de senso moral, mas no sentido de ser integral… de ser inteiro…
Nós, na Comunidade de A Rocha, não somos perfeitos, todos nós temos pontos onde fomos quebrantados (acredite!), mas acho que há algo especial sobre cuidar do ambiente que constrói a integridade. Devemos viver em união com o ambiente que nos rodeia. A maioria de nós vive numa divisão entre nós e a criação, e isto não é saudável. Quando nos dirigimos para uma relação total com a criação, tornamo-nos mais integrados. E uma pessoa integrada é mais forte, mais capaz de ser ela mesma e de receber outros fácil e confortavelmente.
Às vezes as pessoas me dizem que acham que A Rocha é apenas sobre o meio ambiente. Não é. É sobre todos nós. É sobre transformar pessoas e lugares sendo uma comunidade onde as pessoas e lugares crescem juntos.
Tradução : Elisa Gusmão
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