#ConservationOptimism – otimismo na conservação da natureza
No ano passado, dois de nós de A Rocha Internacional participámos da Reunião de Cúpula sobre “Otimismo na Conservação” em Londres, um dos vários eventos ao redor do mundo focando #EarthOptimism, #OceanOptimism e #ConservationOptimism. Fui com a mente aberta, mas preocupado de que este seria simplesmente tapar o sol com a peneira, agarrando-nos a pequenos sucessos em conservação contra uma maré esmagadora de desespero. Afinal, como ser otimista quando 58% da vida selvagem no mundo desapareceu durante a minha vida? [1]
Lembrei-me de uma conversa há alguns meses atrás com um casal que me ouviu falar na turnê “Esperança para o Planeta” em 2005. Essa turnê os havia inspirado para um envolvimento em eco-ativismo: eles mudaram radicalmente seu estilo de vida, iniciaram um projeto ambiental, envolveram-se com A Rocha e participaram de campanha relacionada às alterações climáticas. Agora, com o passo atrás dado pela política em ambos os lados do Atlântico, e as doses diárias de notícias desastrosas, sua fonte de esperanças secou e eles estão desistindo. Eles não eram ingênuos. Eram um casal maduro que havia por muitos anos participado na liderança cristã.
Refletindo sobre essas duas experiências, eu tenho me perguntado sobre a esperança, o otimismo e o que nos dá a capacidade de continuar, mesmo quando as coisas são sombrias. Alguns pensamentos… e por favor partilhem os seus:
Boas notícias geram otimismo… más notícias entristecem corações. Os psicólogos dizem claramente que precisamos de histórias positivas para nos inspirar. Se nós simplesmente listarmos todas as coisas terríveis que estão acontecendo com a natureza, fazemos as pessoas se sentirem muito mal. Existem histórias genuinamente positivas: as espécies e habitats principais estão se recuperando devido ao trabalho de conservação de longo prazo, cuidadosamente direcionado, cientificamente informado e com participação na comunidade. A China está tomando a liderança em tecnologias verdes. Os negócios e os investidores estão liderando o abandono dos combustíveis fósseis e indo à procura de oportunidades em novas tecnologias e fontes de energia renovável. Cristãos em todo o mundo estão compreendendo que o Evangelho deve ser uma boa nova para a terra de Deus. Eu deixei a conferência de Otimismo em Conservação genuinamente incentivado pelas histórias que ouvi e ainda mais pelas pessoas que conheci, particularmente jovens cientistas de todo o mundo comprometidos com a conservação.
Otimismo por si só não é suficiente. Também não o é a “esperança próxima”- a crença que no futuro imediato as coisas só podem melhorar, que os seres humanos são basicamente bons, que tudo o que precisamos é de mais ciência, mais educação, tecnologia mais inteligente, e a natureza vai curar a si mesma. O otimismo cego e a falsa esperança serão sempre despedaçados pelas duras realidades dos fracassos e perdas.
A esperança bíblica oferece uma alternativa ao otimismo colocando nossa esperança em resultados de curto prazo:
- É fundamentalmente relacional, extraindo sua força da profundidade do relacionamento, em vez da instabilidade das realizações. É por isso que é tão difícil de sustentar a esperança sem uma comunidade de outros que compartilhem uma visão semelhante.
- Não depende do nosso próprio ativismo, mas nos convida a participar e desempenhar a nossa parte com o trabalho renovador de Deus e com outros que compartilham uma visão semelhante.
- Ela sempre parece estar encarnada no local, no longo prazo, no paciente compromisso com causas, lugares e pessoas impopulares.
- É sempre “ambos-e” ao invés de “um ou outro”, porque há uma visão integrada do propósito de Deus para toda a criação. Assim, as soluções que favorecem um grupo ou pessoas sobre a vida selvagem, ou curto prazo em oposição a longo prazo, ou lucro ao invés do planeta, ou global acima de local… ou vice-versa… nunca são suficientes.
- A esperança bíblica depende da visão a longo prazo, não dos resultados a curto prazo. Ela, portanto, espera fracasso e decepção ao longo do caminho. Como a fé, ela depende de algo que não pode ser visto (Hebreus 11:1), ou seja, a fidelidade de Deus às suas promessas, ao seu povo, ao seu mundo. É o que nos permite, na maravilhosa linha de Wendell Berry, “sermos alegres, apesar de termos considerado todos os fatos.” [2] A esperança bíblica nem sempre é otimista, porque permite o espaço para o lamento e tristeza por tudo o que é perdido, no entanto sempre persevera porque sabe que a esperança segue o julgamento como o dia segue a noite; que a sexta-feira Santa é seguida pelo domingo de Páscoa.
[1] Veja Living Planet Report 2016 do World Wildlife Fund.
[2] Extraído de “The Mad Farmer Liberation Front” em W. Berry, The Mad Farmer Poems, Counterpoint, 2014
Tradução: Elisa Gusmão
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