17 abril 2017 | Peter Harris | 0 comentários

Amando o lugar onde estamos

Espero iniciar uma discussão sobre como falamos sobre… por enquanto, vamos chamar-lhe “cuidar da criação”.

Miranda e eu fomos abençoados ao ler o maravilhoso comentário de Ellen Davis, Proverbs, Ecclesiastes and the Song of Solomon (Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão). Por isso, foi um grande privilégio palestrar junto com dela em Xangai, em novembro de 2015, no seminário sobre a Bíblia e o Meio Ambiente organizado pela Academia de Ciências Sociais. Aproveitamos a oportunidade de várias conversas à refeição, em ônibus e em trens, para lhe pedir para aplicar a sua mente profundamente bíblica à questão de encontrar uma boa linguagem que faça justiça ao trabalho de A Rocha e de todos os que se preocupam com a criação, quer seja em casa, em negócios ou na agricultura e em todos os nossos relacionamentos com o bom mundo material sobre a criação do Senhor.

“Mordomia” não é uma palavra bíblica, e apesar de “cuidado da criação” ser agora geralmente aceito, tal como todos os termos, tem as suas limitações. Precisaremos sempre de um conjunto de frases e palavras, pois nenhuma descrição funcionará por si só. Esse é certamente o motivo pelo qual Jesus ensinou com “muitas parábolas” sobre o Reino de Deus.

Miranda Harris e Ellen Davis no Seminário sobre Bíblia e Meio Ambiente, em Xangai

Miranda Harris e Ellen Davis no Seminário sobre Bíblia e Meio Ambiente, em Xangai

Durante o seminário, Ellen sugeriu que as pessoas envolvidas no cuidado da criação recebessem uma dança coreografada pelo Criador, mas essa imagem podia parecer algo estética e etérea para algumas das pessoas ligadas aos negócios com que trabalho! Por isso, de um dia para o outro, escreveu algumas notas e, depois, enquanto esperávamos por um trem na estação de Nanjing, demos uma volta e falamos mais um pouco. A estação é maior do que qualquer terminal de aeroporto que conheço, por isso, havia muito espaço para uma caminhada tranquila!

No fim da nossa conversa, a palavra que parecia descrever melhor a natureza da missão de A Rocha era “jardinagem”. Talvez se lembrem que Margaret Atwood tuitou para seus 600.000 seguidores que ela havia encontrado os “jardineiros de Deus” quando conheceu Markku e Leah Kostamo e encontrou a A Rocha Canadá pela primeira vez.

A imagem dos jardins nos traz à memória de que Deus é quem dá o crescimento, não somos nós. Jardinar, mesmo numa criação de lamentação, é um bom trabalho árduo, que descansa o corpo e a mente. E é um trabalho que vemos frustração e frutos. Mesmo assim, enquanto estamos a jardinar a terra (e aparentemente, “jardinar” durante milhares de anos contribuiu para a grande biodiversidade das florestas tropicais do Brasil), colaboramos com o nosso amado Criador Deus, que, sozinho, cria todas as condições para podermos “produzir” alguma coisa.

Seja o que for aquilo a que chamamos de trabalho – jardinagem, cuidar da terra, conservação da natureza – precisamos de orar para sermos fiéis e gratos no abençoar da criação e não ser apressados ou impacientes na nossa natureza.

Podemos começar um debate sobre como podemos descrever da melhor forma a nossa tarefa e sermos intencionais com a nossa linguagem?

Me informem caso tenham alguma nova descrição a oferecer. Alguns de nós trabalham em inglês, mas em outras línguas, e o chinês é um grande exemplo, o movimento emergente de cuidar da criação precisa de encontrar uma nova linguagem. Precisamos de um vocabulário vasto e rico que nos sustente e inspire.

Gosto bastante de “Ame o lugar onde você está” como um chamado à ação, mas pode ser que essa frase já tenha sido tomada!

Tradução: Nádia Morais / Priscila Rangel

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Categorias: Reflexões
Tópicos: China Ellen Davis lugar
Sobre Peter Harris

Peter e Miranda se mudaram para Portugal em 1983, para criar e gerenciar o primeiro centro de estudos de campo de A Rocha. Junto com seus quatro filhos, eles viveram no centro por doze anos até 1995, ano em que o trabalho foi colocado sob liderança portuguesa. Aí eles se mudaram para a França, onde criaram o primeiro centro francês, perto de Arles, onde viveram até 2010, ao mesmo tempo que coordenavam e ofereciam suporte às lideranças desse movimento em rápido crecimento. Agora eles estão de volta para o Reino Unido, por forma a continuarem o suporte a toda a família A Rocha por todo o mundo, e ao mesmo tempo ficarem mais próximos da sua própria família, incluindo seus netos. Eles contam sua história em Under the Bright Wings (1993) e Kingfisher’s Fire (2008).

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